quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Como é morrer? Eu te conto...




Oi amigos queridos,

Continuando o post de ontem. Eu parei no momento em que eu, já meio tonta, fui levada para o centro cirúrgico. Lá dentro, minha médica, a anestesista e mais gente que não me lembro. A anestesia doeu, e não me tirou a consciência. Escutava o desespero e a pressa de todos. Sentia a agitação da sala, dos médicos e enfermeiros... O bater acelerado do meu próprio coração, mas do meu bebe, do Sandro Augusto, não.

É estranho o sentimento que me vem ao lembrar de tudo. É tão paradoxal... Hoje, 24 anos depois, como posso lembrar com tanto carinho e gratidão de um momento onde o meu sofrimento foi exponencial?  A dor que senti naqueles dias e meses, eu jurava que nunca iria passar. Morrer era o meu único desejo, mas aquele Deus mau, perverso, meio doido, que havia me dado um filho aos 37 anos, para, aos 8 meses, levá-lo, não realizaria o meu desejo. Impossível  entender a "maldade divina". Só conseguia pensar em um Deus injusto e sem qualquer amor por mim. Afinal, se realmente Ele me amasse, como levar meu filhote??



PREPARE-SE PARA UMA MISSÃO.

Há um detalhe que não contei. (Hoje sinto até um pouco de vergonha). Mas naquela época eu era muito mística. Pertencia a várias ordens iniciáticas, como AMORC, Colégio dos Druidas, Manto Amarelo, INRI e nem me lembro mais de quais. Pertencia também a Missão Rama (Hoje AMAR), que era um grupo de Ufólogos que se reunia para estudar e fazer contato em acampamentos no meio do nada. Tive com eles experiências bem fortes. Também era zeladora do Budismo Sagrado da Montanha de Wu Tai Shan e diariamente eu meditava das 21:00 às 22. Era um horário sagrado. E... numa dessas meditações eu recebi uma comunicação: "Prepare-se: Você vai ser usada em uma missão." . Hoje, eu como evangélica tenho uma visão diferente, mas naquela época, foi muito, muito forte. Dai... eu me imaginei gerando a reencarnação de São Francisco de Assis, um avatar que iria mudar o mundo. Nem reencarnação, nem avatar e nem mudou o mundo, mas a experiência me mudou completamente.



E, voltando ao centro cirúrgico... Percebi que havia algo estranho no campo espiritual, quando eu falava e ninguém me respondia. A anestesista colocou o aparelho para verificar minha pressão. E cara a cara comigo, ouvi quando ela soltou um grito de alarme: 3 por zero, vamos perder os dois. E eu gritei nãooooo!!!! (só que ninguém ouviu)  Ninguém vai perder ninguém, mas era como se eu não falasse. Minha médica pegou o aparelho e foi  verificar no outro braço. Fez a mesma cara e deu a mesma sentença de morte: 3 por zero! Ai eu comecei a falar com ela, com a enfermeira, tentava que me ouvissem e e respondessem, mas ninguém ouvia, ninguém respondia.

RECORDAR PARA QUÊ?

Ai ai... só mesmo o sentimento de superação e de gratidão me faz relembrar tudo isso. Muitos podem dizer para que lembrar de um momento tão doloroso do passado? E eu respondo:  para ter mais força e gratidão no presente e fé no futuro, aconteça o que acontecer.  Deus sempre é bom. E sei que a tal missão ainda nem havia começado - se é que já começou. Eu me lembro tão bem de tudo...

Três por zero! Que desespero na sala. De repente eu comecei a sentir algo estranho nos meus pés. Parecia que eu estava tirando uma meia no sentindo contrário. Era como se algo quente estivesse saindo do meu corpo indo de baixo para cima. E, a medida que subia, eu sentia, a princípio, calor, seguido de um pouco de frio e depois tudo sumia. Primeiro foram os pés, as pernas, os joelhos.... Subia esquentando, esfriando a fazendo o  tudo sumir e o  nada chegar. E eu pensava Deus, não... eu quero o meu bebe. E comecei a rezar...

Pai Nosso que estais no céu - já não sentia nada da barriga para baixo. Santificado seja o seu nome - mas eu quero o meu bebe - seja feita a vossa vontade - NÃO QUE SEJA FEITA A MINHA!!!  Eu pensava que naquele momento eu estivesse lutando pela vida do meu bebe e brigando pela consciência, para me manter acordada, mas na verdade, estava sem querer conscientemente, mas espiritualmente sim, brigando  pela vida. 

Pai nosso que estais no céu... eu continuava, mas não conseguia ir além do "seja feita a sua vontade". Não sentia mais o meu corpo. O calor gelado já estava no meu queixo. Senti um endurecimento e me dei conta que não conseguia mais sentir nada do queixo para baixo. Não conseguia mexer nada.. Foi ai que os meus dentes cerraram e a minha língua começou a enrolar e eu continuava: Seja feita a vossa vontade...
Os olhos azuis dançaram um balet fúnebre.
UM BALET FÚNEBRE ME FAZ ENCARAR A REALIDADE

 Foi ai que abri os olhos. Já estava no quarto. De um lado o pai - arrasado com olhos inchados e do outro, vi dois olhos azuis (da minha irmã Yolanda) me olhando. E perguntei sem querer escutar a resposta (mas já sabendo qual seria): Bebe morreu? E os dois olhos subiram e desceram num balet fúnebre.
 
Ai...  por hoje fico aqui, Amanhã eu continuo. Porque ter a consciência dos fatos e que gera o sofrimento. E por que sofremos? Por que não conseguimos aceitar a realidade. Mas querendo ou não, não temos como mudar os fatos, mas os sentimentos sim. O que aconteceu em seguida, até mesmo a mim impressiona,

Se quiserem saber o que aconteceu depois, voltem amanhã.

Beijos

( ah... como vocês estão recebendo este post? Deixe um comentário.)

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