terça-feira, 8 de agosto de 2017

Como tirar proveito do sofrimento




Oi Gente querida,

Hoje eu quero escrever sobre uma experiência muito forte que eu vivi:  de quase morte e de uma dor imensa: a perda de um filho. Sim... Vou falar sim da morte de um filho e da minha mesmo, mas não pensem que será um post triste. Não mesmo. Será uma reflexão sobre o lado bom de tudo de ruim que nos  acontece. Se você está sofrendo por alguma razão, leia até o fim.  Nem sei ao certo o que vai sair do meu coração para esta tela branca, mas eu vou deixar fluir....

Me permitam antes de entrar na minha experiência, divagar sobre o tema sofrimento. Pelo o que se sofre? São tantas as razões.. por um amor que se foi, por um projeto fracassado, por brigas e desentendimentos, pelo desemprego, por doença, ou pela morte. E é sobre este sentimento que vou escrever.
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O COMEÇO

Eu  estava separada há dois anos. Fui casada 13 anos, mas em 1990, me separei. Eu sai de casa e deixei tudo para trás. Fui morar sozinha. e, em dezembro de 92, conheci um rapaz, mais novo que eu nove anos. Ele dançava muito e, na dança, eu dancei.

Nessa época eu era empresária. Dirigia a Santiago Decorações Em Flores Naturais, tinha um Tanger conversível do ano e só vestia roupas de grife. Toda semana tinha que ter roupa nova. De preferência vestidos de cotton lycra e sapatos  scapin de salto agulha. Era tão besta... tão metida  e não  me dava conta.

E o namoro engrenou. Ele dormia muito na minha casa e quando percebemos estávamos morando juntos. Era uma parceria muito boa. Gostava dele, mas havia um abismo social entre nós dois, que a  dança  fazia a ponte e nos unia. Saíamos diariamente para dançar. No domingo começávamos no Clube Municipal, seguíamos para o Social de Ramos e terminávamos, às 2 da madrugada, no Circo Voador.

Foi um tempo muito bom. Estava bem na loja e ganhava muito dinheiro. Fazer decoração comigo dava status. Era uma griffe. Até que fiquei grávida (o que não aconteceu no tempo de casada). Continuei trabalhando e não me lembro se Sarney ou Collor, mas a inflação e  economia do país,  prejudicaram muito a minha situação.

Comecei, aos cinco meses, a ter problemas. O bebe estava pequeno demais. Exigia repouso, parar com cigarro (fumava muito), tudo o que não fiz. Toda semana tinha que fazer um exame em que a médica dava buzinadas na minha barriga para avaliar a reação do bebe.  Doía na alma. Estava em casa de repouso, quando me ligaram da loja e me deram uma notícia muito ruim. Fiquei muito nervosa. E depois fui dormir.  Já estava com oito meses e no dia seguinte seria o chá de bebe, do meu filho Sandro Augusto. Seria... porque não foi...



Dia 07 de agosto de 1993. Por ter ficado muito nervosa, resolvi dormir, eu e o pai na casa da mamãe e minha irmã. Lembro-me bem daquela noite. Ele deitou ao meu lado e para me acalmar começou a falar com o Sandro Augusto. Imitou macaco, leão. Passou o óleo de amêndoas na barriga _ que estava relativamente pequena para 8 meses. E dormimos. Mas....

Eram 3 da madrugada e eu comecei a sentir contrações. Estranhei. Afinal ele - o Sandro Augusto - só nasceria em setembro, no equinócio da primavera. Mas as contrações continuavam... Paravam... Continuavam... paravam... Comecei a ter medo. E era para ter mesmo. As dores eram fortes. Já eram quase 8 da manhã quando eu resolvi contar o tempo entre as contrações. Vinte minutos!! E assim foi até às 9 horas em ponto, quando uma contração fortíssima provocou uma hemorragia. Em questão de minutos várias toalhas de banho já estavam ensanguentadas.

Ligamos para minha médica que morava ao lado da mamãe. Em cinco minutos ela chegou e mandou que fôssemos  imediatamente para o Pan Americano, porque o parto  seria feito. Havia dado um descolamento de placenta e era necessário interromper a gravidez..

Houve uma cena que ficou fortemente marcada na minha cabeça. Fui tomar um banho e ali eu senti que a vida do meu filho estava escorrendo pelo ralo.

Daí para frente, muita correria. Já não estava tão consciente. Lembro-me de ver o teto andando (mas era a maca me levando para o centro cirúrgico. Eu não sabia, mas estava entrando na experiência mais forte, crucial da minha vida, ou da minha morte..

Gente... amanhã eu continuo ... é muita emoção para um dia só.  Amanhã vou compartilhar com vocês o que senti no momento da minha morte.



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