sábado, 29 de julho de 2017

Meu Pai: meu mestre nas flores

Meus 15 anos. Dançando a Valsa com papai.

Oi gente querida.

Hoje é um dia especial. Exatamente no dia 29 de julho, só que do ano de 1987, meu pai faleceu. Lembro-me tão bem daquele dia e das nossas últimas conversas. Ele foi muito cedo, aos 52 anos, numa época em que a economia - com inflação de 100% ao mês - era um verdadeiro teste de resistência para os corações dos empresários.

Papai foi um tremendo empreendedor. Era um excelente vendedor e adorava desafios. Quando morreu, ele tinha a Santiago Decorações em Flores Naturais (da qual eu era sócia), uma padaria na Praça Mauá, um Borracheiro - Ardileia Pneus-, um depósito de doces e uma agência de carros que tinha a representação da Tanger. Ufa!!!! Ah... e ainda tinha um ferro velho,  no Andaraí.

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Papai e Mamãe no dia do nosso casamento.


Na vida ele foi sempre muito intenso. Tudo dele tinha que ser mega. Teve um Canaril com mais de mil aves. Teve Canil - Weimaner e Collie. Adorava novidades. Comprava tudo o que era de mais moderno. Amava carros. Em 1987, ele tinha um Scort 1988 (isso mesmo), um Del Rey azul, mas ele adorava os carros grandes do tipo Galaxy.  Na época, minha mãe tinha um Del Rei Vermelho,, eu, um gol e a minha irmã, um Passat. Meu pai brincava de comprar e revender carros.

No dia da sua morte, o telefone tocou às 4 da manhã. Era mamãe Ela não precisou falar. Eu entendi. Yolanda - minha irmã - estava em São Paulo. Meu irmão, Leziere,  tinha acabado de se mudar e nós não sabíamos ao certo onde era. Na loja, tínhamos uma grande decoração, de alguém importante que nem lembro. Tudo foi resolvido. 

Fiquei o tempo todo com a mamãe. Ela contou que percebeu a respiração dele ofegante (já estavam dormindo) e acendeu a luz. Entendeu que ele estava tendo um infarto Pegou o remédio, mas não deu tempo: ele expirou olhando nos olhos dela. Foi duro! Mas sei que foi bênção de Deus. Ele era hipertenso e diabético. Tinha uma ferida no tornozelo que não cicatrizava nunca. Como ele era super ativo, ficar numa cama seria a verdadeira morte. Ah... e era bem gordo.

Papai e mamãe nos 15 anos da Yolanda
 Em 1978, ano em que me casei, me tornei sócia dele e comecei a trabalhar na loja. Acompanhava-o em visitas nas casas das noivas. Aprendi a decorar todas as igrejas do Rio (sabia até quantos bancos cada uma tinha) e a conhecer as flores. Manhas e manias aprendi com ele, que era um excelente decorador do tipo que "espetava com as duas mãos" ( para fazer um arranjo, as flores eram fixadas no cedro uma a uma. Mas no caso dos experts, como papai, ele as fixavam com as duas mãos e ao mesmo tempo. Era incrível. Bouquet de noiva então, não tinha para ninguém. 


Cartão da Santiago (depois eu mudei a programação visual)
Quando me formei em jornalismo e sai da loja ele ficou muito triste. Isso foi em 1982. Ele não se conformava em não ter um sucessor para o negócio das flores, que ele havia "herdado" do vovó Fucci, meu padrinho e quem trouxe as flores para a família. (Essa história merece um post especial)

Os anos passaram e eu comecei a sentir desejo de voltar. E falei para ele, no princípio do mês de julho (ele morreu dia 29)  que iria voltar. Ele ficou feliz. Fez planos de viajar com mamãe em agosto, mês que eu recomeçaria (ainda dava aula na Gama Filho e fazia um programa na Rádio  Imprensa). Pintamos o escritório. Trocamos os móveis. Estávamos felizes.  Eu sempre dizia para ele que só valeria a pena eu voltar se eu realmente quisesse e não porque era o negócio dele. Deus foi muito bom para mim - que pude decidir sem a pressão da morte-,  e para ele - que pode morrer tranquilo com a continuidade da empresa.

Cartão da Loja do vovo Fucci e do papai

Decoração do meu casamento: um túnel de flores.
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 É... são 30 anos sem papai. Três décadas. Mas o amor pelos pais é para sempre.  E através das flores que nos une, estamos  sempre juntos. Te amo papai E muita gratidão por ter me ensinado tanto sobre as flores.

Beijosssss  saudosos

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