O dia de hoje me fez pensar. Ou melhor: Sentir. Quão profundas e significativas mudanças acontecem quando você migra de uma posição para outra. De um território para outro. E hoje eu percorri com a memória – e com o coração – três lugares que vivi na vida. Transitei entre o ter, fazer e o ser: Ter uma avó, fazer da minha mãe avó, e ser avó. E a força do Ser é realmente arrebatadora. Nada, nada, absolutamente nada se compara a emoção de SER avó!
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Tive uma avó. Na verdade duas, mas só convivi com a mãe do meu pai, Vovó Yolanda. Àquela figura gordinha, simpática e que fazia comidinhas e docinhos deliciosos. Dia primeiro de Janeiro, era sagrado: todos da família almoçavam com ela, na grande casa do Lins. E, a cada ano, ela ia sendo menos a mãe do meu pai, e passando a ser cada vez mais a minha avó. Mas eu não compreendia o sentimento dela. Nem me preocupava com isso. Ela era a vovó, dos doces gostosos, que sempre dava muitos beijos e presentes. O tempo passou e durante muitas décadas - até 1986 - eu tive uma avó.
Cresci. Amadureci. E de neta e de filha eu passei a ser mãe. E este meu novo papel permitiu que a minha mãe também assumisse outro: Tornou-se avó. Curiosa essa interdependência, essa “hierarquia”, esse plano de promoção automático. Agora, avó tinha um novo significado. A minha mãe havia sido promovida, mas acumulava o trabalho e ocupava duplo cargo de mãe e avó. Mas eu também não entendia – e nem poderia – o sentimento dela. De verdade, nunca parei para pensar sobre o que sente as avós. Afinal… como poderia saber o gosto de algo que eu não provara? Eu não era avó. Não era…
Agora a vida me presenteia com uma neta. E começo a ser tomada por sentimentos nunca antes sentidos. Dai… começam a ter novos significados algumas lembranças que ressurgem sem que eu as tivesse buscado. Ser avó… SER AVÓ… É um sentimento que transcende a todos os que já senti. É a vida da minha vida numa nova vida independente, autônoma, e maravilhosamente real.
Sou grata, muito grata a Deus por me permitir viver esse momento. Sou grata ao meu filho Yan e a minha norinha Émille que, apesar dos temores e tremores, assumiram esse serzinho e deixaram a vida viver, crescer e se tornar uma realidade.
Escrevi uma poesia sobre ser mãe e nela eu afirmava que ser mãe é mais do que uma mera responsabilidade, é uma identidade. Que ser mãe é mais do que uma experiência e uma existência. Que ser mãe era ser uma mulher que deu flores. E ser avó, hoje vivencio: é ser uma mulher que deu frutos!
E o que muda, quando se muda de lado? TUDO!
Este texto - até aqui - escrevi no ano passado, quando ainda nem tinha visto ou segurado minha netinha Sofia. Ela ainda estava na barriguinha da mãe. Agora que já pude vê-la, senti-la e a segurar em meus braços, meus sentimentos não mudaram- em relação ao texto do ano passado. Mas aumentaram de forma exponencial.
Ter nos braços um neto é uma sensação inefável. Impossível de ser transformada em palavras. É uma vida que faz toda a diferença na nossa vida, para toda vida. Sofia, minha netinha com que eu não tenho o privilégio de conviver, porque mora em Natal, RN.
Nesse período - um ano - só a vi em duas ocasiões: quando eu fui lá e quando ela veio aqui. E eu me alegro muito quando recebo fotos, vídeos e notícias delas. Por osmose eu me emociono com tudo o que vem dela. Ela já anda (e não vi seus primeiros passos), já fala algumas palavras e age e interage com todos os que têm a sorte de poder estar junto a ela.
Quando se é avó, o maior desejo é de estar com os netos e poder contribuir com o crescimento dela, seja espiritual, educativa e financeiramente. Infelizmente, com essa crise, não me foi possível participar em nada. Em nada, não! Em oração diárias para que Deus esteja sempre protegendo e guardando minha linda e muito amada netinha Sofia.
Semana que vem, dia 3, ela vai fazer um aninho. Um ano!! tão pouco tempo para tão grandes e profundas mudanças.
Gratidão infinita a Deus e aos pais dela - por tão grande, abençoado e o mais importante "presente" da minha vida.
Te amo muito Sofia.
Parabéns a todos os avós pelo dia de hoje.
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